Cornélia
Cornélia queria ser beija-flor. Queria, de entre todas as aves, o voo leve daquele pássaro que colhia pólen de uma flor e, com seu beijo, o deixava noutra, como que florindo ele também.
Como poderia tão maciço corpo, dotado de quatro estômagos para que não duvidasse da sua natureza ruminante, ter devaneios alados? Como haveria, quem passa o tempo produzindo estrume, de ser capaz de voo subtil?
Cornélia sabia da sua bovinidade, mas por um instante, enquanto sonhava, sentiu que se lhe elevavam os cascos.
25.2.2018
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020
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